Faixa a Faixa #05 – Kanye West – Jesus Is King (2019)
Kanye West é daqueles artistas que você ama odiar e odeia amar. Difícil não ter fãs do cara que nunca se decepcionaram com alguma declaração escrota dele. (Só pra pontuar, ele já apoiou Donald Trump e já deu declarações que a escravidão negra foi uma “escolha”, sim, ele falou essa m*rda). Mais conhecido pelas suas polêmicas do que pelo seu talento nato, o marido de Kim Kardashian sempre focou no que o perfil estereotipado de rapper tem a oferecer. Mas parece que até o cara mais louco do mainstream deu uma freiada, quis mudar o estilo de vida e lançou um disco de Rap GOSPEL. Isso mesmo que você leu/ouviu/sla como tu soube disso. Não precisa fechar o Faixa a Faixa, tenho certeza que vamos nos divertir em avaliar com total propriedade e destreza o álbum Jesus is King (como o nome sugere, Jesus é Rei truta) e assim começo essa escrita maravilhosa para vocês, maravilindos leitores do Ideia Errada:
Every Hour: O que você acha que é uma vinhetinha safada é a introdução do disco do Kanye com vocais que nos remete aquele filme da Whoopi Goldberg, Mudança de Hábito (um clássico da sessão da tarde). Algo totalmente inesperado e frenético. Abuso de agudos bem colocados e uma exuberância nos vocais bem postados. Mas pera, É UM ÁLBUM GOSPEL DO KANYE WEST, ALGUÉM ME FALA QUE EU TO DROGADO, NÃO É POSSÍVEL. Repetições com uma letra de crente eternamente dão o tom que nos inicia nessa obra (até aqui bizarra)
Avaliação: Abertura estranha, não sei opinar se isso é bom ou ruim. Preciso sinceramente ouvir mais (ou fumar maconha sla).
ALELUIA, TO ENTENDENDO NADA MAS TO NO BREAK AQUI RAPAZIADA
Selah: Modulações de teclado/órgão entram e a voz característica do Mr. Oeste (falando assim fica tosqueira mesmo). Um rap cristão nos é dado, é extremamente fácil entrar na levada do flow do Kanye. Mas quando você presta atenção na letra tem umas referências bizarras, passagens de João na Bíblia, breaks na música como se fossem tiros e um refrão cheio de aleluias, fora uma imitação de cachorro inimaginável. Se você for satânico ou seguidor do mochila de criança esse disco não é pra você. No meu caso que estou ouvindo de mente aberta, percebe-se uma musicalidade absurda, mesmo parecendo tudo meio deslocado
Avaliação: Ainda estranho, mas uma boa canção.
ÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉ, meio estranho parça
Follow God: A música começa com um sample obscuro de 1969 do Whole Truth na música “Can You Lose by Following God”. Um detalhe a se notar é a duração das músicas com menos de 2 minutos. Um flow característico de West, estilo ladrão no opala as 5 da madruga dando uns puxa no verdinho. Porém agora ele canta o mesmo gênero que o Raça Negra e o Pixote. (Ou seja, ele canta PA GOD). Piadas inúteis a parte a levada é gostosa e remete aos clássicos dele como Graduation, termina de uma forma bizarra com ele dando um berro besta, mas que chama a atenção.
Avaliação: Canção boa.
Closed on Sunday: Começa com um dedilhado de violão bem safado (no bom sentido). Quando entra as backing vocals, a canção começa a crescer. A letra é meio que um prece, fala de novo sobre futilidade no Instagram mas o foco é no louvor Harpa Cristã (aqueles que você toca 95739 músicas com 4 acordes). O ex brother do Jay Z entra num flow despojado mas definitivo. Bom refrão melódico. Nada de especial, além da temática lírica. Final doido novamente.
Avaliação: Canção boa
PARA TA MÓ LEGAL ESSE SOM (num ta não grrr)
On God: Tecladinho pilantra no melhor estilo new wave balada 2009/2010. Letra abaixo do nível (até do nível do disco). Se ouvir umas 3 vezes fica insuportável o som do tecladinho (pilantra, relevante essa parte). KW tenta evocar seus tempos áureos, mas nessa aqui apresentou uma musica cansativa.
Avaliação: Canção mediana pra ruim (uma das piores da carreira do West)
PARE COM ESTA P*RRA MEU XOVEM
Everything We Need: A música com participação do Ty Dolla $ign entra com uma camada de vocais meio Soul, depois vira um trap considerável. Tocaria fácil num rolê que o Raffa Moreira (MANO, SKRRR 777 GANG) é anfitrião. Letra menos gospel, fala sobre como a vida é curta e devemos saber aproveitar sem tanto ódio e rancor. Ainda com o pano de fundo cristão. Pois é, meio doideira. Musicalidade absurda, porém mega curta (assim como quase todas do disco, tem menos de 2 minutos).
Avaliação: Ótima canção.
MANO EU FAÇO UM TRAP YOLL, VOCÊS COPIAM MEU ESTILO YEAH, PORQUE VOCÊS SÃO BRANCOS YOLL, NUNCA VAI SER EU YEAH.
Water: Efeitos de Soul Music/R&B característico do West, com doses gospel (é irmão, nada novo sob o sol). Levada gostosa, colocaria fácil na minha vitrolinha. Metáforas com a questão de purificação espiritual e repetidas preces a Jesus dão o tom nessa canção. A parte do Ant Clemons tem um bom verso. Nada que dê muito destaque, é ouvir e deixar seu coração sentir se vale a pena continuar ouvindo.
Avaliação: Canção ok.
“Clean us like the rain in spring
Take the chlorine out our conversation
Let Your light reflect on me
I promise I’m not hiding anything
It’s water
We are water
Pure as water
Like a newborn daughter
The storm may come
But we’ll get through it because of Your love
Either way, we crash like water
Your love’s water
Pure as water
We are water”
“Limpe-nos como a chuva na primavera
Retire o cloro da nossa conversa
Deixe Sua luz refletir em mim
Eu prometo que não estou escondendo nada
É água
Nós somos água
Puros como a água
Como uma filha recém-nascida
A tempestade pode vir
Mas vamos superar isso por causa do Seu amor
De qualquer maneira, nós batemos como a água
A água do seu amor
Puro como a água
Nós somos água”
God Is: EITA QUE ESSA É BRABA, coloca o capacete que lá vem pedrada. Coral de igreja no começo da música MUITO CRENTE (pela primeira vez, no bom sentido), qualidade absurda musical e técnica. Aqui ta tudo encaixado e com certeza é um dos pontos mais altos do álbum. Esse lado B ta surpreendendo positivamente. Quando deixamos o ranço de que é um disco do West podemos curtir com mais liberdade. Uma rouquidão passa toda emoção que uma música desse naipe precisa ter.
Avaliação: Ótima canção, uma das melhores do disco.
(insira uma legenda aqui, ainda to confuso)
Hands On: Fred Hammond entra legal nessa, mas não tira o protagonismo do nosso anti herói. Letra forte sobre redenção e arrependimentos, vindo do KW é meio que pessoal a parada. Normalmente eu falaria que o flow dele nessa é meio fim de rolê 7 da manhã, nargas estralando, altos vinhos Cantinho do Vale e cigarros Eight, mas quando você analisa a fundo vê que é isso mesmo algo mais profundo.
Avaliação: Canção boa.
MÚSICA PRA FICAR MAIS BONECO QUE O URSO DO GIF
EU TO DAORA PARÇA
“Cut out all the lights, He the light
Got pulled over, see the brights
What you doin’ on the street at night?
Wonder if they’re gonna read your rights
Thirteenth Amendment, three strikes
Made a left when I should’ve made a right
Told God last time on life
Told the devil that I’m going on a strike
Told the devil when I see him, on sight
I’ve been working for you my whole life”
“Desligue todas as luzes, Ele é a luz
Fui parado na blitz, vi as lanternas
O que você está fazendo na rua à noite?
Me pergunto se eles vão ler seus direitos
Décima Terceira Emenda, três infrações
Virei à esquerda quando eu deveria ter virado à direita
Disse a Deus que seria a última vez na vida
Disse ao diabo que estou entrando em greve
Disse ao diabo que quando o vir à vista
Estive trabalhando para você minha vida inteira”
Use This Gospel: Participação de Clipse e do (PASMEM) Kenny G (Se você curtiu Hermes e Renato vai lembrar do Boça falando dele). Entra com um tecladinho maroto martelando aquela nota. Depois vem com uma vocalização do nosso menino polêmico, harmonias muito bem encaixadas, papo de ouvir naquele suas caixa que estrondam os vitrôs do vizinho (nunca aconteceu comigo, meus vizinhos são muito legais :D). Refrão bem melódico. As harmonias vão crescendo e ficando cada vez maior. Quando você menos espera vem o EPIC SAX do KENNY DJI MEO (não resisti, sorry) e no fim vira um trap bate cabeça. Uma coisa temos que tirar o chapéu pro maridão da Kim, ele é muito completo musicalmente falando. Sabe o que está fazendo. Enfim, como Deus perdoa mas o Kanye não, use um aditivo para ter novas experiências com esta canção.
Avaliação: Ótima canção. Uma das melhores do disco.
KANYE WEST NAS ANTIGAS
KANYE ATUAL
Jesus is Lord: Kanye entra sozinho nessa querendo passar uma vibe de forever alone que encontrou Jesus. Consegue isso com louvor (BA TUM DSS). Metais tentam transformar tudo isso num épico. Tudo tranquilo, até que você percebe que A MÚSICA SÓ TEM 49 SEGUNDOS. O álbum começa estranho e termina estranho gente hahaha. Porque faz isso com a gente Kanye?
Avaliação: Não entendi ainda, se é bom ou ruim.
NUM ENTENDI ESSE FINAL
O que parece uma viagem de ácido num disco gospel e tudo mega aleatório, podemos constatar que:
– Kanye West é um ótimo produtor, arranjador e músico.
– Sabe criar canções incríveis ao mesmo tempo que soa pretensioso e erra a mão.
– É muito doido ouvir um disco de Rap Gospel gringo e o West sabia que causaria estranheza.
– Faço a mínima ideia do que ele quis ganhar com isso.
Fora tudo isso, essa vibe já deu certo com outros artistas (vide Tim Maia Racional) e muito errado com outros (Como a Miley Cirus que ainda não se decidiu). Se você ainda não ouviu o disco, ouça de cabeça aberta, o humor ácido do KW ainda está lá, o flow inconfundível também, a musicalidade ta mais absurda que o normal. Mas não espere algo dos momentos áureos mundanos como a parceria com Jay Z, o Graduation ou os novos trabalhos com o Lil Pump e Katy Perry. Espero que essa onda cristã dele deixe-o menos babaca.
Ulisses Avelino.
Músico, Compositor, Historiador e Crítico barato nas horas vagas.
QUE DEUS ABENÇOE VOCÊS QUE LERAM ATÉ AQUI MEUS QUERIDOS. UM BEIJO PRA VOCÊS.
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