Godzilla Singular Point (crítica)

Godzilla Singular Point (crítica)



Terminei hoje de assistir Godzilla Singular Point, e aí vai minhas impressões que ninguém pediu:

Bom, eu sou “otaku fedido” e fã do calango desde criancinha, então, já dá pra adiantar que eu amei a junção de Godzilla com anime né? é praticamente uma mistura obvia de duas invenções japonesas, mas que ironicamente eu sonhava ver desde criança já que os estúdios de animação demoraram a ver o potencial comercial e criativo disto (só uns 70 anos, mas tudo bem) … quer dizer, na real esse não é beeeem o primeiro anime de Godzilla que tivemos, lembrando que a poucos anos atrás, 3 longas animados (tbm vindos da parceria com a Netflix) meio que inauguraram o início de uma era animada do lagartão, e também devo dizer que é meio tendencioso dizer que Godzilla + anime era uma fórmula garantida de me fazer cair de amores imediatos (tanto que eu não curti muito esses mesmos 3 filmes, até tenho que dar outra chance e terminar a trilogia, mas o preconceito com CG em Cell Shading é FORTE!) mas, lembrando aqui, afinal, tirando a trilogia CG, quantas animações assim temos do Calango? literalmente só umas 3, sendo que duas delas são americanas! (a da Hanna Barbera e a adaptação do filme de 98!) logo, dentro desse formato mais “anime-anime” voltando à gloriosa animação tradicional 2D, e com episódios seriados, ainda dá pra dizer que é algo inédito e capaz de trazer bastante frescor à franquia, o que por si só já me fisgou direitinho! 

O desenho é uma puta homenagem à era Showa, e um presente pros nerdão de Godzilla que vão se deliciar com todas as referências ali mostradas, os caras me ressuscitam o Jet Jaguar! que pra quem não sabe, era nada mais do que um Ultraman do Paraguai, e o reinventam como  um robô retrô, numa vibe totalmente “dieselpunk”, o que comparado com o original que era só um cara fantasiado de collant e capacete, fica surpreendentemente (até de uma maneira meio “paradoxal”) moderno e cool!

Inclusive isso me serve de gancho pra  puxar aquilo que eu acho que é o maior mérito do anime: todos os redesign são incríveis! não tem nenhum monstro que não seja bonito, criativo e ao mesmo tempo honre o original, Anguirus por exemplo, que foi o primeiro “Kaiju” que o Godzilla porrou, aqui volta como um Anquilossauro espinhudo muito badass… 




Quanto ao Gojira: esse é de longe o mais despirocado visual e conceitualmente, é notável o quanto chupinha descaradamente a proposta de reinvenção do Hideaki Anno no seu maravilhoso “Shin Godzilla”, aqui vemos de novo um Godzilla de visual grotesco que passa por estágios de evolução ainda mais estranhas antes de chegar em sua forma final, mas ainda assim eles conseguiram pegar tal conceito e criar algo novo e extremamente particular, apresentando o Godzilla pela primeira vez em uma forma aquática, uma mistura de Carpa com Sapo, jacaré, baleia e Lampreia… que é MUITO ESTRANHA, mas MUITO MANEIRA, e que mesmo não tendo nada a ver com o Godzilla clássico, já me fez abrir um sorrisão e reconhecer só de nadar ao som da trilha clássica do calango



A característica mais particular desse desenho para o bem ou para o mal, é… O QUANTO ESSA PORRA É COMPLICADA!


o “ponto singular” do título são fenômenos físicos que tornam possível os Kaijus aparecerem em nosso mundo, até aí blz, os filmes clássicos sempre flertaram com o Sci Fi… mas JESUS como a trama é complexa… os personagens citam o tempo inteiro teorias de viagem no tempo, multiverso, termodinâmica e o caramba… é realmente difícil de compreender o que tá rolando… me remeteu bastante à Evangelion com aquele lance de simplesmente meter uns personagens cientistas discutindo umas teorias muito loucas e CAGANDO se o público entende ou não (procura lá depois um vídeo explicativo se tu quiser) e apesar de isso poder ser um problema pra algumas pessoas eu sempre acho corajoso uma animação que não tem medo de ser cabeçuda, isso não é mais surpresa vindo dos japas, mas normalmente vemos isso em animações adultas como o próprio Evangelion, e como esse desenho não tem tanta violência e ainda aposta num visual mais teen e coloridinho, não me parece que os velhacos tenham sido bem o público alvo (as crianças deles são mais espertas que as nossas né? fazer o que)… e falando nisso, apesar de não ter mortes sangrentas nem dramalhão de um Evangelion o desfecho dessa temporada tem um clima bem tenso e apocalíptico, isso é outra coisa que ninguém mais faz tão bem quanto os japoneses, com os traumas da segunda guerra e as bombas atômicas que devem os assombrar até hoje, ninguém entende melhor o horror da destruição quanto eles, sabem inserir o medo do apocalipse magistralmente até mesmo num anime que parece fofinho e descompromissado (Madoka que o diga)


Pontos positivos:

* _ Animação 2D bonita e bem desenhada mesclada com bichos em 3D sem parecer destoante

* _ Muita homenagem aos fãs da franquia, inclusive com um encerramento lotado de Easter Eggs que fazem referência até ao famigerado filme americano!

* _ Criaturas com design cool, e personagens carismáticos



Pontos Negativos:

* _ Focam TANTO nas explicações sobre o ponto singular que até esquecem do Godzilla

* _ Os demais Kaijus são todos pequetuxos (Cajuzinhos) acho que prq queriam dar mais ênfase ao quão o Godzilla era especial e único em todos os sentidos (sendo reservada a ele a posição de “chefão final”) e é legal pra manter a dinâmica da turma do Otaki (que criou o Jet Jaguar) matando monstros mais fracos durante toda à temporada, mas é meio triste não ver bichos como Rodan e Enguirus em suas proporções colossais (até aparece um Rodan maiorzinho certa hora, mas o Godzilla frita ele em 2 segundos)

* _ Aprenderam com os Americanos aquela desgraça de ficar escondendo o bicho com fumaça… prq aqui temos a tal fumaça vermelha que é o novo elemento químico da outra dimensão que mantem os bichos vivos, mas acaba só servindo pra deixar o Godzilla pouco visível nas suas cenas que já não são muitas!

* _ Precisa de diploma em física quântica pra entender totalmente essa porra!


mostra o bicho desgraça!

Also, nada que não possa melhorar com uma segunda temporada.

Nota 8/10

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